quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A cartilha do bota-fora

Papéis sujos e amassados, plásticos laminados e fraldas não são recicláveis. Copos descartáveis, frascos de remédio e escovas de dentes usadas podem, sim, ser reaproveitados. Confira a seguir o que fazer com seu lixo

Hermann Studio
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RESTOS DE COMIDA
O lixo orgânico representa 57% dos rejeitos paulistanos. Quem quiser transformar cascas de frutas e legumes em adubo para plantas pode montar ou comprar uma composteira. Também chamados de minhocários caseiros, esses sistemas têm minhocas vivas que transformam os restos de alimento em compostos orgânicos. Estão à venda nos sites moradadafloresta, lixeiraviva, composteira e minhocasa.


Divulgação{txtalt}


ÓLEO DE COZINHA

Jogado no ralo, 1 litro de óleo de cozinha usado contamina até 20 000 litros de água. Para transformá-lo em sabão, coloque-o em garrafas plásticas e leve para os supermercados Pão de Açúcar. Condomínios podem fazer o mesmo com os galões de 50 litros vendidos, por 30 reais, pela ONG Trevo.



Fernando Moraes{txtalt}


MÓVEIS E ENTULHO

Resíduos de reformas, móveis velhos e restos de poda de árvores com volume de até 1 metro cúbico, que não são grandes a ponto de justificar o aluguel de uma caçamba, devem ser levados a um dos 37 Ecopontos da cidade. A lista completa está no site da Limpurb.



Marcelo Kura{txtalt}


CELULARES, BATERIAS E CARREGADORES

Com a sanção da lei estadual que institui normas para reciclagem e destinação final do lixo eletrônico em São Paulo, as lojas de celulares passaram a ser obrigadas a receber aparelhos usados. Baterias, por exemplo, contêm metais pesados perigosos que não devem ir para aterros. Só as lojas da Vivo reciclaram, no primeiro semestre de 2009, mais de 74 000 itens. As 376 agências dos bancos Real e Santander na cidade, que recolhem celulares, pilhas e baterias, reciclaram 17,8 toneladas no mesmo período.



REMÉDIOS E SERINGAS
Os vidrinhos vazios e bem lavados podem ir para o cesto comum, mas remédios vencidos e seringas usadas devem ser encaminhados para incineração em hospitais e postos de saúde. Para evitar acidentes com os coletores, guarde as seringas em caixas ou embalagens rígidas.



Divulgação{txtalt}
PILHAS E BATERIAS
A coleta de pilhas e baterias começou a ser feita nas lojas da Drogaria São Paulo em 2004. Tudo é reciclado pela empresa Suzaquim, de Suzano. Dois anos depois, surgiu o Programa Papa-Pilhas, dos bancos Real e Santander, que já coletou 56,7 toneladas de pilhas, baterias e celulares.


Marcos Lima{txtalt}


LÂMPADAS USADAS
Como contêm mercúrio, um veneno perigoso, em sua composição química, as lâmpadas fluorescentes exigem cuidados especiais ao ser descartadas. Poucas empresas fazem a reciclagem – uma delas é a Apliquim.Tratado, seu vidro pode ser usado em pastilhas e materiais de construção. Caso a lâmpada se quebre, é preciso evitar inalar a substância de seu interior ou tocar nela. Já as lâmpadas incandescentes convencionais podem ir para o fundo dos aterros comuns.


ELETROELETRÔNICOS
Com destino ainda indefinido, computadores, televisores e outros equipamentos quebrados não têm um caminho seguro fora dos aterros sanitários. O site lixoeletronico.org lista empresas que aceitam doaçõe dos que funcionam e outras que cobram para reciclar os quebrados.



Divulgação{txtalt}
PNEUS VELHOS
Todos os meses, 12 000 toneladas de pneus sem possibilidade de recauchutagem são coletados para reciclagem na cidade. O Programa de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis da Reciclanip, uma entidade formada pelos fabricantes, transforma-os em materiais como solado de sapato e borracha de vedação. Há uma lista de pontos de coleta no site reciclanip.com.br.


Divulgação{txtalt}


ISOPORES

Embora ainda tenham baixo valor de mercado e sejam desprezados em algumas cooperativas, os isopores podem ser reutilizados. Inclua-os junto com os plásticos. O tipo EPS (poliestireno expandido), comum em embalagens de eletrônicos, é mais aceito que o XPS (poliestireno extrudado), usado em bandejinhas de alimentos.

Fonte: Planeta Sustentável - http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/reciclagem-lixo-bota-fora-489791.shtml

sábado, 15 de agosto de 2009

O que é e por que usar o eco4planet?


O eco4planet utiliza o sistema Google™ Pesquisas Personalizadas, mantendo assim a mundialmente reconhecida capacidade das buscas Google™, com um visual também simples e rápido porém inovador na utilização predominante da cor preta. Sua criação prova que pequenas ações diárias podem gerar economia de energia, resultando em menores gastos e ainda vários outros benefícios.

Em agosto de 2009 foi anunciado oficialmente que o eco4planet plantará árvores de acordo com o número de pesquisas realizadas através dele, um passo importantíssimo para sua proposta ecológica - mais uma vez provamos que todos tem condições de colaborar com o meio ambiente e a sua participação divulgando o eco4planet é fundamental. Você pode acompanhar o contador de árvores na página principal e nos seguir via Twitter para ficar por dentro das datas e locais de plantio

O eco4planet economiza energia pois sua tela é predominantemente preta, e um monitor utiliza até 20% menos energia para exibi-la se comparado à tela branca. Considerando as mais de 1,4 bilhão de buscas diárias realizadas no Google™ com tempo médio suposto em 10 segundos por pesquisa e a proporção de monitores por tecnologia utilizada, teríamos com um buscador de fundo preto a economia anual de mais de 5,3 Milhões de Kilowatts-hora! Esse valor equivale à:

  • Mais de 48 milhões de televisores em cores desligados por 1 hora;
  • Mais de 59 milhões de geladeiras desligadas por 1 hora;
  • Mais de 133 milhões de lâmpadas desligadas por 1 hora;
  • Mais de 44 milhões de computadores desligados por 1 hora.

Economizar energia é uma forma de ajudar o planeta uma vez que para geração de eletricidade incorre-se no alagamento de grandes áreas (hidrelétricas), poluição do ar com queima de combustíveis (termoelétricas), produção de lixo atômico (usinas nucleares), dentre outros problemas ambientais. Soma-se a isso o fato de que o eco4planet pode gerar menor cansaço visual ao visitante se comparado a uma página predominantemente branca.

Sendo assim não há dúvidas de que essa ação é extremamente válida uma vez que somados os usuários teremos um resultado realmente significativo de economia de energia, gastos, preservação da natureza, e ainda mais: acreditamos que olhar sempre para o eco4planet fará com que as pessoas se lembrem da necessidade contínua de economizar energia elétrica e proteger a Natureza!




www.eco4planet.com

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Semana do Meio Ambiente



Do dia 1 a 5 de junho, o Colégio de Aplicação (UFPE) foi o palco de atividades extra-curriculares. Organizada pelos professores voluntários e pelos alunos da PD educação ambiental, a Semana do Meio Ambiente contou com atividades para todos os gostos, e foi além do previsto: o Fala CAp (apresentado na quarta feira da semana seguinte) tratou, com humor, de assuntos relacionados ao meio ambiente.

Na sexta feira 5, os alunos deixaram a rotina escolar para participarem de atividades programadas: o hall interno da escola foi dedicado à uma exposição de cartazes, criados pelos alunos do sexto e nono ano. Além disso, cada turma ficou responsável pelo cultivo de uma muda, plantada atrás da escola, como parte de um projeto de arborização do areial - idealizado pelo nono ano e pela professora Maria José, contando com o apoio da coordenação da escola.
Foram expostos vários filmes, jogos online e (contando com a participação de grande parte dos alunos) foi feita uma gincana - sem maiores objetivos, se não a participação e conscientização de todos.
A gincana acaba, o sinal toca e os alunos são liberados - deixando para trás restos de embalagem, copos de plástico e papéis.
A verdadeira concientização ambiental está longe de ser alcançada.


Escrito por Daiany Barros e Letícia Pimentel
Para ver mais fotos: www.flickr.com/meioambientecap

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Aluga-se floresta


Cerca de 100 mil hectares da Amazônia passam às mãos da iniciativa privada pelos próximos 40 anosTATIANA DE MELLO

O terreno é enorme, equivale a 96 mil hectares. O contrato de seu aluguel tem um valor astronômico: R$ 3,8 milhões por ano ao longo de quatro décadas. O imóvel em questão está encravado na Floresta Amazônica, com vista panorâmica para o rio Jamari, e promete muito lucro àqueles que conquistaram o direito de explorá-lo comercialmente na licitação do Ministério do Meio Ambiente: as empresas Alex Madeiras, Sakura e Amata (dividirão o aluguel). O projeto de alugar para a iniciativa privada trechos da mata nasceu quando Fernando Henrique Cardoso era presidente da República, virou lei no governo Lula e finalmente começou a ser colocado em prática na semana passada. As empresas que ganharam a licitação poderão extrair madeira, desde que tenham um plano racional de manejo que garanta a preservação, sendo que, a cada 500 árvores, uma poderá ser extraída. No contrato também estão previstas a extração de óleos e sementes, a promoção de atividades de ecoturismo e esportes, além da criação de empregos.
As empresas não poderão explorar o patrimônio genético nem praticar mineração e caça. Assim, reunindo todos esses fatores, venceram o leilão do Ministério as três companhias que apresentaram o maior lance de aluguel e o melhor plano de redução do impacto ambiental. Mesmo com algumas contrapartidas, elas ainda terão um lucro quase seis vezes maior do que o valor que pagarão. Os R$ 3,8 milhões anuais serão repartidos entre municípios, Estados e União e aplicados, segundo o governo, na fiscalização e no monitoramento da Amazônia. “Esta concessão vai mostrar que é possível sobreviver com dignidade sem destruir a floresta”, diz o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, a concessão florestal não implica transferência da posse da terra pública, mas sim a delegação onerosa do direito de praticar o manejo florestal sustentável na área.

Harvard ataca Google




Estudo da universidade americana diz que o maior site de buscas da internet gera emissão de poluentes e é um dos vilões do aquecimento globalLuciana Sgarbi
A cada toque no teclado, os computadores aumentam a emissão de gases poluentes na atmosfera da Terra agravando o maior problema ambiental que enfrentamos: o aquecimento global. Mais precisos, rápidos, eficientes, menores e imprescindíveis nos dias de hoje, muitos deles consomem uma quantidade maior de energia à medida que são aprimorados e, consequência inevitável, superaquecem e precisam ser refrigerados. Dispositivos internos e automáticos de refrigeração cumprem essa função, mas, em contrapartida, gastam ainda mais energia, formando dessa maneira um círculo vicioso que sai caro à natureza. "Nosso cotidiano está pleno de armadilhas. Procurei desarmar pelo menos uma", diz o físico Alex Wissner-Gross, da Universidade de Harvard, nos EUA. Ele coordenou, entre outros estudos, uma série de pesquisas sobre o impacto ambiental provocado pela utilização do Google, a maior ferramenta de busca da internet. Os resultados aos quais chegou explodiram na semana passada nos principais jornais do mundo: "Duas buscas no Google geram tantos gases quanto ferver água numa chaleira elétrica. Parece pouco, mas multiplique isso por 200 milhões de buscas diárias feitas em todo o planeta. O desastre é enorme e está feito", diz Wissner-Gross.
Na Universidade de Harvard ele descobriu que uma busca típica no Google em um computador de mesa (consome menos energia que um notebook) gera cerca de sete gramas de dióxido de carbono. Valendo-se de equipamentos que medem o consumo médio de energia a cada comando dado em um computador, Wissner- Gross chegou a suas conclusões. "A chaleira emite cerca de 14 gramas de dióxido de carbono, o equivalente a dois cliques para realizar uma pesquisa." O Google é um dos sites mais rápidos do mundo e é justamente nessa excelência de serviço que mora o problema: a sua eficiência e a rapidez só são possíveis porque ele utiliza diversos bancos de dados ao mesmo tempo - como aciona mais fontes simultaneamente, produz mais dióxido de carbono em relação a outros sites que lhe fazem concorrência, mas não dispõem da mesma agilidade e quantidade de informações.
Nos dias de hoje usamse computadores para tudo. No campo ambiental, por exemplo, eles são vitais a um rigoroso monitoramento de devastação das florestas. Ironicamente, porém, ele próprio atua como um predador. A empresa de consultoria Gartner Group revela que o setor é responsável por 2% de todas as emissões de dióxido de carbono na atmosfera. O estudo ainda afirma que, caso nada seja feito, essas emissões tendem a crescer na casa dos 5% ao ano. Preocupado com essas questões, o Google lançou a versão "verde" do seu site de buscas. Chamado Blackle, ele possui fundo preto e isso economiza o equivalente a 14 watts por acesso. Não é suficiente para anular a alta emissão de poluentes, mas o próprio Google dá o caminho: "Se cada um fizer a sua parte, podemos salvar o planeta."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estranhas criaturas no mar


Exposição mostra, pela primeira vez, peixes que vivem nos mais profundos abismos dos oceanos

Luciana Luciana Sgarbi

No mar, há cerca de dez mil metros de profundidade, existem formas de vida que estão mais para ETs do que para peixe. Mas são peixes. E a maioria deles emite luz. Há lulas transparentes, medusas gigantes, filhotes com cerca de sete metros de comprimento. Esses seres vivem em condições extremas nos abismos oceânicos, com ausência total de luz e sob toneladas de pressão atmosférica, em temperaturas médias de 20 graus centígrados negativos. Na semana passada, uma equipe de oceanógrafos alemães do Museu de História Natural Senckenberg, em Frankfurt, valeu-se de um dos mais modernos submarinos do mundo para capturar algumas espécies e trazêlas à tona – aquelas que são consideradas mais raras foram filmadas, desenhadas e montadas fielmente em laboratórios, enquanto uma ínfima parte do grupo que segue proliferando normalmente acabou mesmo sacrificada. Crime ambiental? Maldade? Não. É vital mostrar pela primeira vez aos olhos humanos esses seres que até hoje haviam sido observados somente pelos cientistas. Montou-se assim em Frankfurt a exposição Tiefsee, que oferece ao visitante um passeio virtual pela escuridão abissal dos mares, correspondente a quase 70% da biosfera do planeta e, contraditoriamente, uma das áreas menos conhecidas do globo. A mostra ocupa um espaço de mil metros quadrados, distribuídos em dois andares, e nela são apresentados 45 animais e 35 modelos especialmente reproduzidos para o evento. Não há peixes vivos porque nenhum deles sobrevive fora de seu (para nós, inóspito) habitat. “Os organismos não podem ser levados, sob as mesmas condições de alta pressão, do fundo do mar até um aquário”, diz o biólogo marinho Michael Türkay, diretor de zoologia marinha do Instituto de Pesquisas Senckenberg. Imagine, por exemplo, um filhote de cerca de sete metros de comprimento. Pois bem, esse é um bebê cachalote de profundos abismos marítimos – enquanto um cachalote comum, desses que conhecemos e que vivem na superfície da água, na fase adulta mede no máximo três metros de comprimento, o bebê abissal, quando cresce, chega a 18 metros. Há outras grandes atrações na mostra: o peixebola (Himantolophus albinares) possui forma arredondada, corpo elástico e consegue engolir outros animais que tenham até duas vezes o seu tamanho. Já o peixe diabo-negro (Melanocetus johnsonii) atrai sua presa com falsa isca, uma saliência luminescente que ele agita sobre a cabeça. A fêmea chega a 18 centímetros, mas o macho cresce somente até três centímetros. O diabomarinho (Linophryne arborífera), presente no Atlântico, Índico e Pacífico, tem dentes pontudos e órgãos que brilham na testa e sob a boca. Outra estranha criatura é o peixe-ogro (Anoplogaster cornuta), cujos dentes descomunais impedem que ele feche completamente a boca – mas, quando morde a presa, pobre dela. “Durante muito tempo os biólogos acreditaram que era impossível haver vida em grandes profundidades marinhas”, diz Türkay. “Hoje sabemos que ela existe e temos também a certeza de que há outros animais jamais observados.”

foto1 - Peixe Ogro: dentes afiados o impedem de fechar a boca

foto 2 - RARIDADE Na mostra, há baleia gigante (no alto) e peixes com antenas para atrair suas presas

Por que o tempo está louco?


O país é o mesmo. O dia, mês e ano também. Brasil, 28 de abril de 2009. No Rio Grande do Sul o índice de chuvas está 96% abaixo do que seria normal neste período. A taxa de umidade despencou para menos de 20%, enquanto o saudável é praticamente o dobro. Tudo é seca e insolação. Brasil, 28 de abril de 2009. No Piauí os moradores enfrentam as piores cheias dos últimos 25 anos. Chove sem parar.
Cidades estão ilhadas. Cerca de 100 mil pessoas ficaram desabrigadas. "O tempo anda louco", eis a frase leiga e padrão que mais se fala e mais se ouve na queixa das pessoas em relação às radicais discrepâncias climáticas. Vale para o Norte e Nordeste do País, vale para a região Sul também. A mais nova e polêmica explicação para tais fenômenos trata de uma revolucionária teoria sobre as chuvas, chamada "bomba biótica", e pode mudar os conceitos da meteorologia tradicional.
Olhemos agora, por exemplo, não para a "loucura do tempo" em um único país, mas, sim, para a "loucura a dois". Por que chove tanto em algumas regiões distantes da costa, como no interior da Amazônia, enquanto países como a Austrália se transformaram em deserto? Os cientistas russos Victor Gorshkov e Anastassia Makarieva, do Instituto de Física Nuclear de São Petersburgo, sustentam, embasados na metodologia da bomba biótica, que as florestas são responsáveis pela criação dos ventos e a distribuição da chuva ao redor do planeta - como uma espécie de coração que bombeia a umidade. Esse modelo questiona a meteorologia convencional que explica a movimentação do ar sobretudo pela diferença de temperatura entre os oceanos e a terra.
Ao falarem de chuva aqui e seca acolá, Gorshkov e Anastassia acabam falando de um dos mais atuais e globalizados temas: a devastação de matas. "São as florestas que trazem a umidade atmosférica para o continente. Destruir árvores modifica a direção dos ventos, tranca a entrada de umidade no continente e, no final, o transforma em deserto", dizem eles.
Para o biogeoquímico Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e principal proponente da linha da bomba biótica no Brasil, é somente ela que explica com clareza a contradição entre a seca e a aridez que estão minguando as lavouras na região Sul e as chuvas intensas que transbordam o Norte e o Nordeste. "O primeiro efeito da devastação das florestas é o aumento na frequência de todo tipo de clima extremo", dizem os pesquisadores russos. "São os sintomas de um sistema desregulado", endossa o brasileiro Nobre.
A dinâmica do processo começa pela transpiração das árvores e consequente liberação de alto volume de vapor d'água. Ao subir, esse vapor encontra camadas de ar frio e se condensa, formando nuvens. É nessa condensação que a água passa do estado gasoso para o líquido, diminuindo de volume, e o ar acima das florestas se torna mais rarefeito, gerando queda da pressão atmosférica.
Nesse ponto a bomba biótica, segundo seus defensores, entra em ação. A queda na pressão acima das florestas faz com que o ar de superfícies vizinhas seja puxado em direção a elas, e isso resulta em ventos. Se estiverem próximas ao mar, o ar úmido resultante da evaporação do oceano é puxado para o continente, possibilitando a circulação de água ao redor da Terra. Segundo Gorshkov e Anastassia, a evaporação de água é mais intensa acima das grandes matas que nos mares e a queda de pressão superior no continente sugaria o ar úmido do mar.
"O efeito da evaporação e da redução da pressão atmosférica acima das florestas na circulação do ar é muito pequeno", diz o professor americano David Adams, da Universidade do Estado do Amazonas - ou seja, é uma voz contra a teoria dos físicos russos, que, segundo ele, estão supervalorizando a força da bomba biótica.
Agora uma voz que lhes dá pelo menos o benefício da reflexão por parte da comunidade científica. Vem do climatologista José Antonio Marengo, do Inpe: "Precisamos considerar a viabilidade da tese, estudar mais o fenômeno para definir quão crucial é o papel da bomba biótica na circulação do ar." Se for provada a correção da nova teoria, isso torna o papel das florestas ainda mais essencial para o bem-estar do planeta. Enquanto a meteorologia convencional prevê que o desmatamento reduza as chuvas de uma região em cerca de 20%, a bomba biótica prega que tal redução pode bater na casa dos 100%. "Destruir a Amazônia, por exemplo, significa transformar todo o continente num insuportável e inabitável deserto", diz Gorshkov.

foto: A TEORIA DA BOMBA BIÓTICA Os físicos russos afirmam que as árvores são responsáveis pela distribuição dos ventos e formação da chuva
"As florestas podem mudar drasticamente o clima de uma cidade"

Victor Gorshkov, físico